05 DEZ 2025

O Futuro da Eficiência Digital: Hiperautomação, IA e a Corrida pela Maturidade em 2026

Rodrigo Hülsenbeck Rodrigo Hülsenbeck

Ao longo de quase vinte anos atuando na área de tecnologia, testemunhei diversos ciclos de transformação. Alguns foram graduais, outros mudaram o rumo do mercado com rapidez. O momento atual, porém, tem uma característica distinta. 
Hiperautomação e Inteligência Artificial deixaram de ser apostas e passaram a ocupar uma posição estrutural na operação de empresas que tratam tecnologia como vantagem competitiva. 
 
Dados recentes da Gartner, Forrester e IDC mostram que a velocidade da mudança é significativa e, principalmente, inevitável. 
 
O que apresento aqui é a minha interpretação desse movimento, sustentada pelos dados e moldada pelo que observo diariamente em conversas com executivos que navegam por desafios complexos.

Automação de Processos Inteligentes como Capacidade Fundamental

A Gartner estima que, até 2026, mais de 60% das organizações terão automatizado processos críticos de negócio utilizando uma combinação de RPA, IA e Process Intelligence. Três anos atrás, esse número era inferior a 20%. 

Essa mudança é impulsionada pela crescente complexidade dos desafios atuais. Volumes crescentes de dados, pressões por eficiência, decisões em tempo real e fluxos altamente conectados tornam operações manuais incapazes de responder com a velocidade necessária. 

Como resposta, vemos a evolução de soluções fragmentadas para ecossistemas de automação inteligente, capazes de detectar inconsistências, sugerir melhorias, agir de forma preventiva e sustentar operações mais estáveis e auditáveis. 

Essa evolução traz duas consequências claras: 

  • A observabilidade se torna inegociável. 
    Sem monitoramento contínuo e controles bem definidos, nenhuma automação será capaz de garantir estabilidade para o funcionamento da operação. 
  • O perfil das equipes de tecnologia precisa mudar.
    É necessário passar menos tempo executando tarefas e mais tempo projetando, validando e governando comportamentos automatizados. 

A automação de processos inteligentes deixou de ser iniciativa de otimização. 
Ela está se tornando parte do modelo operacional central, um pré-requisito para resiliência, escalabilidade e maturidade digital. 
 
À medida que a infraestrutura opera com esse nível de inteligência, surge a questão de como estender essa disciplina para os processos como um todo. 

Hiperautomação se torna o Modelo Operacional 

Estudos da Forrester apontam para a convergência entre RPA, Process Automation e Process Intelligence, formando ambientes de hiperautomação cada vez mais integrados. Não se trata apenas de adotar novas ferramentas, mas de repensar como dados, IA, fluxos de trabalho e supervisão humana se conectam. 

A eficiência agora depende de processos coerentes, desenhados ponta a ponta, com padrões claros de execução e monitoramento. Muitos líderes avançaram em automações isoladas, resolvendo pontos específicos. O próximo passo é estruturar o sistema como um todo. 

Nesse contexto, governança deixa de ser tema secundário e passa a ser componente essencial. Vemos empresas revisando fluxos, criando camadas de validação, ampliando rastreabilidade das decisões e monitorando desvios comportamentais. À medida que essas empresas evoluem seus processos, também refinam como investem em tecnologia. A maturidade necessária para sustentar automações conectadas já está remodelando os orçamentos de transformação digital no mundo todo. 

Investimentos Globais e a Curva de Maturidade 

IDC projeta que os investimentos em transformação digital chegarão a 3,4 trilhões de dólares em 2026 e se aproximarão de 3,9 trilhões em 2027 
O crescimento é significativo, mas a distribuição desses investimentos diz ainda mais. 

Três prioridades estão se tornando o novo padrão: 

  • IA como ativo operacional 
    A IA está rapidamente deixando o status de prova de conceito e se tornando uma capacidade incorporada no dia a dia dos negócios.  Organizações avaliam aplicações através da confiabilidade, explicabilidade e integração aos processos existentes, não mais pela novidade da tecnologia.
  • Automação com supervisão formal 
    Ao contrário das fases anteriores, a automação hoje exige supervisão formal. Executivos querem velocidade, mas não às custas de auditabilidade, segurança ou coerência estratégica. 
     
    A próxima fase será definida por uma governança real. A automação agora precisa vir acompanhada de estruturas que garantam consistência, conformidade e uso responsável. 
  • Modernização com ROI mensurável 
    Esforços de transformação estão cada vez mais atrelados a resultados mensuráveis.  
    Conselhos querem clareza sobre como cada iniciativa contribui para eficiência, redução de risco e capacidade operacional.  A pressão por essa prestação de contas moldará decisões de investimento até 2027. 

O fato de termos essas prioridades é um claro sinal de maturidade, e prepara o terreno para um novo tipo de gestão. 

A Evolução dos papéis de CIOs e Líderes de Tecnologia

A próxima fase da transformação digital exigirá líderes capazes de equilibrar evolução tecnológica com estabilidade operacional. 

Com base nas tendências e no que observamos no mercado, algumas responsabilidades tornam-se centrais: 

  • Clareza estratégica
    Toda iniciativa deve começar com um objetivo bem definido: o que resolve, como se integra e qual valor gera. 
  • Governança como parte do design
    Rastreabilidade, validação e monitoramento não podem ser complementos. Precisam fazer parte do modelo desde o início. 
  • Disciplina operacional
    A automação deve seguir processos estruturados, fluxos documentados e ambientes controlados. 
  • Fluência multidisciplinar
    Decisões tecnológicas precisam envolver operações, risco, compliance, finanças e áreas de negócio. 
  • Avaliação contínua
    Líderes devem reavaliar continuamente o desempenho dos sistemas automatizados, ajustar com base em resultados reais e evoluir a estratégia conforme necessário. 

Não estamos falando de perfeição, mas sim de estrutura, clareza e execução coordenada. E essas responsabilidades estão alinhadas ao que vivenciamos todos os dias na Premiersoft. 

O que Observamos na Prática

Na Premiersoft, trabalhamos com organizações que tratam tecnologia como componente essencial para o planejamento estratégico. Entre elas, um padrão é evidente: avanços consistentes nascem de decisões maduras e estruturas claras. 

sso nos dá uma perspectiva clara: as empresas que avançam mais rápido não são as que adotam mais ferramentas, mas as que adotam a estrutura certa. 

Observamos progresso real quando as equipes: 

  • Estabelecem governança desde o início; 
  • Criam disciplina na análise de dados;
  • Validam automações em ambientes controlados;
  • Priorizam confiabilidade antes de escalar;
  • Mantêm documentação clara;
  • Adotam inteligência de processos, não improviso. 

Nossa experiência reforça um princípio que orienta nosso trabalho há anos: A excelência é construída ao longo do tempo, por meio de decisões coordenadas que fortalecem a organização conforme ela evolui. É impulsionada por coerência, método e execução consistente. 

Conclusão 

O próximo ciclo de transformação digital desafiará as organizações a operar com mais estrutura, governança clara e bases técnicas sólidas. Automação e IA não são mais experimentos; são componentes centrais para eficiência, redução de riscos e geração de valor de longo prazo. 

Ao olhar para o que vem adiante, a mensagem é clara: empresas preparadas para pensar e executar com excelência moldarão as próximas décadas. 

Se você quer acompanhar as tendências que estão impulsionando essa mudança, convido você a seguir nossas próximas publicações. 

Esta é apenas a primeira parte de uma conversa importante e vamos continuar compartilhando análises que ajudem executivos a tomar decisões com precisão e propósito. 
 
Mais insights estão chegando!